Mundo Iyálodê

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Eugênia Ana dos Santos



(13.07.1869 - 03.02.1938)

Mãe Aninha Obabìyìí, como ficou conhecida, não era de origem étnica yorùbá. Não era de Kétu, Oyó, Egbá, Egbado, Ondo, etc. Era na verdade filha de um casal de étnia Grunci - Annió (Sérgio dos Santos) e Azambrió (Lucinha Maria da Conceição). Mãe Aninha tomou a sua obrigação na Casa Branca do Engenho Velho com Ìyá Marcelina da Silva, Ìyá Marcelina Obatosí, sucessora de Ìyá Nàssô Okà na Casa Branca, e consagrada ao Orixá Xangô, tal como Aninha.

Depois dos dissidentes originados pela sucessão de Mãe Marcelina, Mãe Aninha acompanhada de suas partidárias fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá, com o auxília de um africano que vivia no Recife, chamado Joaquim Vieira da Silva, Baba Obasanya, consagrado a Xangô e saudado no ipadê como Essá Oburô (Ésà Òburó). Esse primeiro templo funcionou entre 1909 e 1910 no Camarão, em Rio Vermelho, tem sido definitivamente assentado em S. Gonçalo do Retiro. Sem nunca ter casado pela Igreja Católica, Mãe Aninha viveu durante um largo tempo com Ojuobá Hilário das Virgens, um importante Babalorixá da época.

Mãe Aninha foi uma conceituada comerciante da época na cidade de Salvador e uma forte defensora da liberdade de culto do Candomblé, tendo inclusive pedido pessoalmente ao presidente-ditador Getúlio Vargas que liberaliza-se a prática do culto, saindo vitoriosa. Apesar de tudo, essa vitória só foi possível devido à colagem ao catolicismo, num período em que a Igreja ditava quem merecia ser tolerado. Mãe Aninha não sabia escrever mas falava francês e tocava piano.Participou, em 1937 ,do II Congresso Afro-Brasileiro falando sobre alimentação litúrgica. Em sua memória ainda existe no Axé Opô Afonjá a Escola Municipal Eugênia Ana dos Santos.

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